Seletividade alimentar em viagens: estratégias afetivas para acolher e nutrir crianças com perfis sensoriais específicos

seletividade alimentar em viagens

A seletividade alimentar em viagens é uma realidade vivida por muitas famílias, especialmente quando há crianças autistas envolvidas. Cada passeio, por mais simples que pareça, pode se transformar em um desafio quando falamos de alimentação fora da rotina. A exposição a novos sabores, cheiros, ambientes e horários pode gerar um verdadeiro turbilhão de sensações para quem tem seletividade alimentar, exigindo preparo emocional e prático por parte dos cuidadores.

Viajar com uma criança que apresenta seletividade alimentar em viagens não significa abrir mão do passeio, mas sim adaptar o planejamento para garantir segurança alimentar, respeito às preferências sensoriais e o bem-estar de todos. Neste artigo, vamos compartilhar estratégias acessíveis, fundamentadas em evidências, que têm ajudado muitas famílias neurodivergentes a tornarem suas viagens mais leves e nutritivas.

O que é a seletividade alimentar em viagens

A seletividade alimentar em viagens refere-se ao aumento da dificuldade de aceitação de novos alimentos e à rigidez alimentar manifestada em contextos diferentes do habitual. Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) frequentemente apresentam seletividade alimentar em diferentes graus. Essa seletividade está relacionada a fatores sensoriais (textura, temperatura, cheiro), cognitivos (rigidez nas preferências) e emocionais (ansiedade diante do novo).

Quando essas crianças estão em viagem, longe de casa e de sua rotina alimentar, os níveis de exigência e rejeição podem aumentar. Muitas recusam-se a comer em restaurantes desconhecidos, rejeitam pratos preparados de forma diferente e até entram em crises por não encontrarem o alimento específico que costumam consumir. A seletividade alimentar em viagens, portanto, não é uma “manha” ou falta de limites, mas uma expressão legítima de desconforto e insegurança frente ao inesperado.

Planejamento é cuidado

Antes mesmo de fazer as malas, é importante preparar o terreno. Conversar com a criança sobre a viagem, apresentar imagens do local e, se possível, mostrar os tipos de alimentos disponíveis no destino pode ajudar a diminuir a ansiedade. Crianças com seletividade alimentar em viagens se beneficiam de previsibilidade. Uma boa ideia é criar um “livro da viagem” com fotos de alimentos, restaurantes, acomodações e até mapas, explicando cada parte da jornada.

Pesquisar restaurantes próximos ao local de hospedagem e verificar cardápios online é uma medida prática e protetiva. Sempre que possível, opte por acomodações que permitam cozinhar ou aquecer alimentos. Isso oferece mais autonomia e conforto diante da seletividade alimentar em viagens.

Levar alimentos familiares

Um dos recursos mais valiosos ao lidar com seletividade alimentar em viagens é garantir o acesso a alimentos familiares. Biscoitos, pães específicos, leite vegetal, macarrão instantâneo ou snacks embalados individualmente são opções que oferecem segurança emocional para a criança. Ter esses alimentos por perto ajuda a manter uma base alimentar estável, principalmente nos primeiros dias da viagem.

Se houver restrições alimentares associadas à seletividade, como intolerâncias ou alergias, é fundamental levar rótulos traduzidos, receitas impressas e, se necessário, laudos médicos que comprovem a necessidade de alimentação diferenciada. Isso facilita a comunicação com restaurantes e companhias aéreas.

Seletividade alimentar em viagens e rotina

Durante a viagem, os horários podem se perder. No entanto, para crianças com seletividade alimentar em viagens, manter os horários das refeições o mais próximos possível da rotina é essencial. Isso evita a hipoglicemia, a irritabilidade e os episódios de rejeição alimentar acentuada.

Se a criança costuma almoçar às 11h30, por exemplo, organize-se para garantir que esse horário seja respeitado, mesmo que o restante da família vá almoçar mais tarde. Manter a previsibilidade em relação às refeições é uma forma de comunicar cuidado e respeito com as necessidades da criança.

Envolver a criança no processo de escolha

Dar voz à criança e permitir que ela participe da escolha dos alimentos durante a viagem é uma estratégia eficaz. A seletividade alimentar em viagens costuma diminuir quando a criança sente que está no controle de parte do processo. Por exemplo, deixá-la escolher entre duas opções de lanche ou ajudá-la a montar o próprio prato no restaurante pode aumentar a aceitação alimentar.

Se estiver hospedado em um local com cozinha, convidar a criança para ajudar no preparo das refeições pode ser uma atividade terapêutica e afetiva. Cortar frutas, lavar legumes ou montar um prato colorido são formas de criar vínculo e reduzir a resistência.

Ambientes calmos favorecem a aceitação alimentar

Restaurantes movimentados, com luz forte e ruídos intensos, podem ser extremamente aversivos para crianças com seletividade alimentar em viagens. Esses estímulos sensoriais exacerbados interferem diretamente na aceitação alimentar. Sempre que possível, escolha ambientes mais silenciosos, mesas afastadas do movimento e horários menos concorridos.

Se a hospedagem permitir, priorize refeições no quarto, com ambiente controlado. Isso reduz a sobrecarga sensorial e aumenta a sensação de segurança para a criança. Lembre-se: aceitar um alimento desconhecido exige disposição, e o ambiente pode ser um facilitador ou um obstáculo nessa jornada.

Seletividade alimentar em viagens e a importância do não julgamento

Crianças com seletividade alimentar em viagens muitas vezes enfrentam olhares julgadores. Comentários como “essa criança só come besteira” ou “precisa aprender a comer de tudo” machucam e invalidam uma dificuldade real. O adulto que acompanha a criança precisa atuar como mediador, protegendo a criança do julgamento externo e validando seu desconforto.

Se a criança recusar um prato ou entrar em crise, o importante é manter a calma, acolher o sentimento e buscar alternativas possíveis naquele momento. Forçar, chantagear ou punir nunca são estratégias eficazes. Pelo contrário, aumentam a ansiedade e reforçam a recusa.

Criatividade como aliada

A seletividade alimentar em viagens pode ser suavizada com pequenas adaptações. Servir o alimento em outro formato, usar moldes divertidos, transformar uma fruta em picolé ou usar molhos conhecidos são estratégias que aumentam as chances de aceitação. Um exemplo simples: uma criança que recusa tomate pode aceitá-lo se for apresentado em forma de molho com o macarrão preferido.

Reapresentar o alimento de forma lúdica, sem pressão, é um dos caminhos mais eficazes para ampliar o repertório alimentar ao longo do tempo. Cada aceitação, mesmo que mínima, é uma vitória que precisa ser reconhecida e valorizada.

Lanches sempre à mão

Seletividade alimentar em viagens exige que os cuidadores estejam sempre preparados. Ter lanches acessíveis na mochila, como frutas secas, biscoitos ou sucos, evita que a fome vire um gatilho de crise. Além disso, assegura que a criança tenha uma fonte confiável de energia mesmo em momentos inesperados, como longas filas, atrasos ou passeios em locais sem opções adequadas.

Uma dica prática é montar um “kit alimentação” com guardanapo, talheres infantis, copo de transição e um alimento coringa que a criança aceita com facilidade. Isso traz conforto e previsibilidade mesmo em locais desconhecidos.

Seletividade alimentar em viagens é sobre respeito, não controle

Por fim, é importante reforçar que seletividade alimentar em viagens não deve ser encarada como uma barreira, mas como uma característica que precisa ser compreendida com empatia. Cada recusa, cada ritual alimentar e cada preferência carregam um significado que merece ser escutado. O papel dos adultos é criar um ambiente de respeito e segurança, onde a alimentação se torne uma experiência afetiva, e não um campo de batalha.

A viagem pode, sim, ser prazerosa. Com planejamento, flexibilidade e um olhar sensível, a seletividade alimentar em viagens se torna um aspecto manejável, sem impedir que a criança explore o mundo com curiosidade e tranquilidade.

Assinatura oficial da autora:
Artigo escrito pela Dra. Letícia Bringel, psicóloga especialista em Autismo (CRP 23/504), Mestra em ABA pela PUC/GO, Supervisora CABA BR 2024/005 e CEO do Grupo Estímulos e da Comunidade Estímulos Brasil.

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