Ensinar matemática a alunos com TDAH: estratégias práticas para promover aprendizagem com acolhimento e eficácia

ensinar matemática a alunos com TDAH

Ensinar matemática a alunos com TDAH exige mais do que conhecimento técnico sobre os conteúdos curriculares. Exige empatia, escuta ativa e a capacidade de adaptar estratégias para respeitar o ritmo, o foco e as particularidades de quem vive com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

A matemática, por sua natureza sequencial, abstrata e cumulativa, representa um desafio especial para esses alunos. Dificuldade de concentração, impulsividade, organização prejudicada e ansiedade são alguns dos fatores que interferem diretamente no processo de ensinar matemática a alunos com TDAH.

No entanto, com planejamento pedagógico intencional, uso de recursos acessíveis e práticas fundamentadas em evidências, é possível transformar o ensino da matemática em uma experiência mais significativa, segura e motivadora.

Este artigo tem como objetivo oferecer uma compreensão ampla sobre as dificuldades enfrentadas nesse contexto e propor caminhos possíveis e aplicáveis para ensinar matemática a alunos com TDAH com sensibilidade, estrutura e resultados positivos.

Por que ensinar matemática a alunos com TDAH pode ser desafiador

O TDAH afeta cerca de 5% a 10% das crianças em idade escolar e envolve alterações no funcionamento da atenção, da autorregulação e do comportamento. Esses fatores impactam diretamente disciplinas que exigem foco sustentado e raciocínio lógico, como é o caso da matemática.

Ensinar matemática a alunos com TDAH torna-se desafiador por diversas razões:

  • Atenção oscilante: o aluno se distrai facilmente e pode não acompanhar todas as etapas de um cálculo.
  • Dificuldade em seguir sequências: resolver problemas matemáticos exige organização de informações e lógica progressiva.
  • Memória de trabalho reduzida: há dificuldade em manter dados temporários na mente, como reter um número enquanto faz uma operação.
  • Impulsividade: o aluno pode querer responder rapidamente, sem refletir ou revisar os passos anteriores.
  • Ansiedade acadêmica: repetidas experiências negativas com a matemática geram aversão, insegurança e baixa autoestima.

Compreender esses desafios é o primeiro passo para ensinar matemática a alunos com TDAH de maneira mais efetiva e cuidadosa.

Estratégias fundamentais para ensinar matemática a alunos com TDAH

Dividir o conteúdo em pequenas etapas

Ao ensinar matemática a alunos com TDAH, uma das primeiras adaptações necessárias é segmentar o conteúdo. Aulas longas e densas favorecem a dispersão, enquanto etapas curtas e bem estruturadas mantêm o foco e facilitam o acompanhamento.

Cada etapa deve ter começo, meio e fim visíveis. Por exemplo, ao ensinar multiplicação, inicie com o conceito concreto (objetos reais), depois passe para a representação visual (desenhos) e, por fim, para a forma abstrata (símbolos numéricos). Essa progressão auxilia na compreensão e na retenção.

Utilizar materiais visuais e manipulativos

Para ensinar matemática a alunos com TDAH, é essencial tornar o conteúdo tangível. Blocos, jogos, régua numérica, gráficos coloridos e fichas visuais são recursos que tornam o raciocínio mais concreto e menos abstrato.

Por exemplo, ensinar frações com recortes de pizza de papel é mais eficaz do que apenas apresentar números no quadro. A manipulação ativa estimula a atenção, envolve o corpo no processo de aprendizagem e reduz a evasão da tarefa.

Criar um ambiente de aprendizagem acessível

O ambiente físico tem grande impacto ao ensinar matemática a alunos com TDAH. Reduzir estímulos visuais e auditivos, manter a sala organizada, oferecer lugar fixo para materiais e evitar interrupções durante a explicação são medidas que favorecem a concentração.

É importante também estabelecer rotinas claras e previsíveis. O aluno com TDAH se sente mais seguro quando sabe o que esperar. Sinais visuais para início e fim de atividades, uso de cronômetros e quadros de rotina são ferramentas simples, mas extremamente úteis.

Incentivar pausas e movimento

Ensinar matemática a alunos com TDAH exige reconhecer a importância do movimento na regulação da atenção. Pausas programadas entre uma atividade e outra ajudam o aluno a “reiniciar” o foco e reduzem o cansaço mental.

Pequenos alongamentos, uso de bolas de borracha para apertar ou exercícios respiratórios curtos podem ser incorporados entre os blocos de tarefas. Essas estratégias respeitam o funcionamento cerebral do aluno com TDAH e o ajudam a sustentar o engajamento.

Estimular a revisão e a autorreflexão

Alunos com TDAH tendem a agir rapidamente, muitas vezes sem revisar seus próprios erros. Ao ensinar matemática a alunos com TDAH, é fundamental criar uma cultura de revisão, onde o erro é visto como parte natural do processo de aprendizagem.

Incentivar que o aluno revise cada passo antes de avançar, utilizar checklists de procedimentos e propor atividades de reflexão sobre o que foi aprendido são formas de promover o autocontrole e a metacognição.

Ensinar matemática a alunos com TDAH com apoio emocional

A relação afetiva com a matemática é um dos pontos mais sensíveis. Muitos alunos com TDAH desenvolvem medo ou rejeição à disciplina por experiências repetidas de fracasso ou comparação com os colegas.

Ensinar matemática a alunos com TDAH exige, portanto, oferecer apoio emocional consistente. Isso inclui:

  • Reforçar positivamente cada esforço, e não apenas o acerto.
  • Validar sentimentos de frustração e mostrar caminhos possíveis.
  • Evitar rótulos como “distraído”, “apressado” ou “desatento”.
  • Criar oportunidades de sucesso com tarefas graduais e acessíveis.

O vínculo com o professor e a sensação de ser capaz são pilares que sustentam a aprendizagem. Quando o aluno percebe que o professor acredita em sua capacidade, ele se envolve mais, se arrisca e se permite aprender.

A importância da parceria com a família ao ensinar matemática a alunos com TDAH

A aprendizagem da matemática não ocorre apenas na escola. Ao ensinar matemática a alunos com TDAH, é essencial envolver a família no processo.

Pais e cuidadores devem ser orientados sobre as características do TDAH e sobre as estratégias utilizadas na escola, para que possam reforçar essas práticas em casa. Além disso, a família pode contribuir criando rotinas estruturadas para a realização de tarefas, evitando sobrecarga emocional e oferecendo encorajamento constante.

A comunicação entre escola e família deve ser aberta, respeitosa e centrada nas necessidades do aluno. Juntos, professores e responsáveis podem construir um percurso mais leve e eficaz no ensino da matemática.

A abordagem transdisciplinar no ensino da matemática para alunos com TDAH

Ensinar matemática a alunos com TDAH de forma eficaz demanda a integração entre diferentes áreas do conhecimento. A atuação conjunta de psicopedagogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, neuropsicólogos e professores permite um olhar ampliado sobre os processos de aprendizagem e sobre as barreiras que o aluno enfrenta.

A construção de um Plano Educacional Individualizado (PEI) com metas específicas, ajustes curriculares e avaliações contínuas é um instrumento valioso para garantir que o aluno com TDAH tenha acesso real ao conteúdo matemático, respeitando suas habilidades e seu tempo.

Considerações finais

Ensinar matemática a alunos com TDAH é um desafio real, mas também uma oportunidade de rever práticas pedagógicas, ampliar a compreensão sobre o funcionamento cognitivo de cada aluno e construir uma escola mais inclusiva e sensível.

Com adaptação, escuta e persistência, é possível transformar a relação desses alunos com a matemática. O foco não deve estar apenas no conteúdo transmitido, mas na forma como o aluno se sente ao aprender, na segurança que desenvolve e no prazer em descobrir novas possibilidades.

Promover a aprendizagem de matemática com base no acolhimento, na ciência e na diversidade é um compromisso que transforma trajetórias e amplia horizontes.

Assinatura oficial da autora:
Artigo escrito pela Dra. Letícia Bringel, psicóloga especialista em Autismo (CRP 23/504), Mestra em ABA pela PUC/GO, Supervisora CABA BR 2024/005 e CEO do Grupo Estímulos e da Comunidade Estímulos Brasil.

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