APRENDIZAGEM NO AUTISMO: COMO É? QUAL O PAPEL DOS PAIS E DA ESCOLA?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico que surge na infância, caracterizado por dificuldades na comunicação e na interação social, além de padrões repetitivos e restritos de interesses e comportamentos.
Essa condição não é única, e varia em termos de manifestações comportamentais e de neurodesenvolvimento, com múltiplas causas e graus de gravidade de acordo com o DSM – V – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais o TEA tem níveis de suporte, um, dois, e três.
Atualmente sabemos que a etiologia do transtorno do espectro autista ainda permanece desconhecida.
Evidências científicas apontam que não há uma causa única, mas sim a interação de fatores genéticos e ambientais.
Quando os pais recebem um diagnóstico de autismo ou quando o filho está em investigação, entre as principais preocupações dos pais de crianças e adolescentes com TEA está a questão da aprendizagem, levando em consideração o atraso que esses infantes apresentam relacionados ao desenvolvimento relacionado à idade cronológica.
Assim surgem, as dúvidas como eles aprendem? E qual é o papel tanto dos pais, quanto da escola nesse processo?
Aprendizado de pessoas TEA como eles aprendem?
O aprendizado requer repetições e adaptações para que cada indivíduo possa ser ensinado de forma adequada, algumas estratégias facilitam o aprendizado.
- Comandos claros e objetivos: ao oferecer uma demanda ao TEA o mediador precisa dá comandos claros e objetivos, usar o tom de voz adequado, nada de tom elevado, algumas vezes ele não fará contato visual, mas sim ele está te ouvindo.
- Uso de apoio visuais: além do comando verbal, ter um apoio visual ajuda bastante na compreensão deles facilitando assim o aprendizado deste infante.
- Aprendizagem por modelação: os aprendizes aprendem bem mais quando é dado o modelo, assim eles observam e depois fazem igual, a imitação é uma boa estratégia para a aprendizagem, mas vale ressaltar que alguns vão necessitar de nível de ajuda para realizar, tendo como objetivo principal esvanecer as ajudas para que o infante consiga realizar de forma independente a demanda solicitada.
- Usar um esquema de reforço: está motivado facilita bastante o aprendizado então busque itens de preferência para manter eles engajados e motivados reforçando eles após concluir cada demanda que foi solicitada.
A aprendizagem é possível a todos, independente da condição e comorbidades de cada indivíduo.
Mais um passo importante nesse processo é conhecer esse indivíduo.
Para assim estabelecer algo individualizado.
Qual é o papel de pais e escola na aprendizagem do autista?
Os pais desempenham um papel fundamental e são tão importantes, quanto a escola e os terapeutas e profissionais de saúde nesse processo.
A presença e o envolvimento dos pais no dia a dia da criança são essenciais para fortalecer as habilidades adquiridas em terapia e aplicá-las no ambiente domiciliar, ajudando assim inclusive no processo de generalização dessas habilidades já adquiridas.
Outro fato extremamente vultoso dos pais é o apoio emocional e o incentivo aos filhos facilitando assim o desenvolvimento da autoconfiança, da autoestima e do interesse pelo aprendizado.
Quando a família está alinhada sempre oferecendo feedback aos profissionais da escola, facilita criar o delineamento da intervenção, e cada um dentro da sua esfera de atuação, ajuda contribuindo tendo como objetivo principal, o ganho de novas habilidades do aprendiz.
O papel da escola é crucial no processo de aprendizagem do aluno seja nas habilidades pedagógicas ou de cunho social de forma individualizada, por isso é essencial que a instituição de ensino crie um PEI- plano educacional individualizado, adaptado e especializado à necessidade do aluno.
Essas adaptações devem levar em conta as características individuais de cada aluno, para que eles possam alcançar seu máximo potencial, sabemos também que alguns deles a depender do nível de suporte vai necessitar de uma mediadora, e isso já é estabelecido por lei, a legislação prevê que os alunos com TEA tenham o apoio de um profissional escolar em todos os níveis e modalidades de ensino, garantindo um suporte adequado às suas necessidades educacionais.
No entanto, a responsabilidade pela educação não é exclusiva da escola, cabe também a família ser parceira nesse processo ajudando no que estiver dentro de suas possibilidades.
Importância das terapias multidisciplinares
O suporte multidisciplinar é uma peça chave no desenvolvimento educacional de crianças com autismo.
Terapias como: psicología, neuropsicopedagogía, fonoaudiología, Musicoterapia, psicomotricidade, terapia ocupacional e a terapia ABA – Análise do Comportamento aplicada, ajudam a criança a superar possíveis barreiras no aprendizado, desenvolvendo ganhos de novas habilidades sociais, emocionais, motoras e cognitivas que complementam o trabalho realizado na escola.
As terapeutas atuam em conjunto com os pais, oferecendo orientações e estratégias que podem ser aplicadas também em casa, criando uma rede de suporte integrada e eficaz.
A individualidade no aprendizado
Cada criança com autismo é única, e possui uma maneira própria de aprender. Por isso, é fundamental que os programas de ensino sejam personalizados e adaptados às necessidades específicas de cada aluno levando em consideração as habilidades que eles já possuem e as que serão alvos a serem alcançadas.
Pais, escolas e profissionais de saúde devem trabalhar em conjunto para criar um ambiente inclusivo e acolhedor que promova não apenas o aprendizado, mas também a autonomia e a independência das crianças com TEA.
Juntos, podem transformar desafios em oportunidades, ajudando essas crianças a se desenvolverem de maneira plena e integrada na sociedade.
Autismo e Comorbidades e Desafios
Cerca de 70% das pessoas com TEA, apresentam outras comorbidades além do autismo.
Por isso, é importante que o neuropediatra avalie a possibilidade de condições associadas, como Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Deficiência Intelectual, que podem impactar significativamente o processo de aprendizagem.
Um dos maiores desafios enfrentados por autistas em habilidade pedagógica é a interpretação de textos.
Mesmo aqueles com capacidades cognitivas normais e sem outras comorbidades costumam ter dificuldade para compreender textos escritos e interpretá-los.
As principais razões para essas dificuldades incluem:
- Foco excessivo nos detalhes fora de contexto: Crianças com TEA tendem a se concentrar em pequenos detalhes, o que pode dificultar a compreensão geral do texto.
- Dificuldade em suprimir informações irrelevantes: Ao ler, muitas vezes, elas têm dificuldade em distinguir, o que é importante do que não é.
- Dificuldade em assumir a perspectiva de terceiros: Isso pode tornar a interpretação de personagens e suas motivações em uma narrativa mais complexa.
- Problemas na organização e processamento de informações: A maneira como processam informações pode ser diferente, tornando mais difícil para elas seguirem o fluxo lógico de um texto.
Apesar dessas dificuldades na leitura, muitas crianças com autismo apresentam um bom desempenho em outras áreas, como escrita e matemática.
A literatura sinaliza que todos aprendem, basta que se tenha um olhar reflexivo e consciência daquilo que se quer ensinar conhecer o aluno e suas necessidades, é o primeiro passo partindo disto é possível descobrir como o aluno aprende.
REFERÊNCIAS
APA – AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais-DSM-V. Porto Alegre: Artmed, 2002.
BRASIL. Lei n.º 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 7 jul. 2015.
INSTITUTO FEDERAL DA PARAÍBA. Plano educacional individualizado (PEI). Paraíba: Ministério da Educação, 2024.
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