Autodiagnóstico e impacto das redes sociais: por que precisamos falar sobre isso com responsabilidade

Nos últimos anos, o número de adolescentes e jovens que buscam compreender seus comportamentos por meio de vídeos no TikTok, reels no Instagram ou quizzes online cresceu de maneira significativa. Termos como autismo, TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) e TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) tornaram-se cada vez mais presentes no vocabulário digital, estimulando discussões sobre neurodiversidade e inclusão. Esse movimento, por um lado, pode ser um importante sinal de que estamos evoluindo enquanto sociedade na escuta e na valorização das diferenças neurológicas. Por outro lado, é preciso acender um alerta sobre os riscos do autodiagnóstico e o impacto das redes sociais nesse processo.
O autodiagnóstico e impacto das redes sociais sobre a compreensão da saúde mental e do neurodesenvolvimento se tornaram temas urgentes. As famílias, os educadores e os próprios profissionais da saúde são frequentemente surpreendidos por jovens que chegam às consultas já convencidos de que são autistas, têm TDAH ou TOC, muitas vezes baseados em conteúdos generalistas consumidos online. Essa busca, embora muitas vezes motivada pelo sofrimento psíquico e por uma tentativa legítima de se compreender melhor, precisa ser acolhida com cuidado, escuta e orientação profissional.
Autodiagnóstico e impacto das redes sociais: o fenômeno contemporâneo
No contexto atual, o autodiagnóstico e impacto das redes sociais se entrelaçam de forma intensa. Plataformas como o TikTok criaram um ambiente onde criadores de conteúdo compartilham suas experiências pessoais com condições do neurodesenvolvimento, descrevendo sinais, sensações internas e padrões de comportamento. Esses relatos, muitas vezes feitos com boa intenção, acabam sendo tomados por outros jovens como critérios válidos para concluir que “se identificam” com determinado transtorno.
É compreensível que adolescentes em fase de construção identitária encontrem alívio ao colocar nome em algo que sentem há muito tempo. Entretanto, o autodiagnóstico e impacto das redes sociais podem gerar confusão, ansiedade e até atrasos em intervenções adequadas. Ao se basear unicamente em vídeos curtos ou testes não validados, corre-se o risco de rotular comportamentos típicos da adolescência como sinais de um transtorno, ou pior, negligenciar condições mais complexas que exigiriam acompanhamento profissional.
A neurodiversidade e a atração pelo pertencimento
A ideia de neurodiversidade tem ganhado espaço com a proposta de que diferenças neurológicas como autismo, TDAH e dislexia não são falhas, mas formas diversas de funcionamento cerebral. Isso é fundamental para combater o estigma e promover a inclusão. No entanto, quando tratamos do autodiagnóstico e impacto das redes sociais, precisamos lembrar que o desejo de pertencer pode levar jovens a se identificarem com rótulos que não necessariamente correspondem à sua realidade clínica.
As redes sociais funcionam, muitas vezes, como espelhos. Quando um vídeo descreve “se você faz isso, pode ser autista”, e alguém se reconhece naquele comportamento, há uma sensação imediata de identificação. Porém, comportamentos como sensibilidade a ruídos, dificuldade de manter o foco ou gostar de rotina não são, por si só, critérios diagnósticos. O autodiagnóstico e impacto das redes sociais podem fazer parecer que qualquer desconforto cotidiano é sinal de um transtorno, o que não é verdade.
Avaliação profissional: o único caminho seguro
Um dos aspectos mais importantes na discussão sobre autodiagnóstico e impacto das redes sociais é a defesa incondicional da avaliação profissional. Transtornos do neurodesenvolvimento são complexos, multifatoriais e demandam instrumentos específicos, entrevistas clínicas e, muitas vezes, observações prolongadas. Apenas profissionais qualificados podem oferecer esse suporte com responsabilidade e ética.
A avaliação envolve não apenas identificar sintomas, mas compreender o contexto em que eles ocorrem, sua frequência, intensidade e impacto funcional. Por exemplo, uma criança pode ter dificuldade de concentração porque está passando por um momento de luto familiar, e não porque tenha TDAH. Um adolescente retraído pode estar vivendo bullying ou depressão, e não necessariamente ser autista. O autodiagnóstico e impacto das redes sociais podem obscurecer essas nuances e comprometer a compreensão profunda da pessoa.
O papel das famílias diante do autodiagnóstico e impacto das redes sociais
As famílias precisam ser orientadas sobre como lidar com seus filhos que chegam com rótulos autoatribuídos a partir das redes sociais. O primeiro passo é escutar sem julgamento. Validar o sofrimento e o desejo de entender o que se passa é essencial. O segundo passo é buscar apoio especializado. Quando necessário, encaminhar para uma avaliação neuropsicológica, acompanhamento psicológico ou equipe multidisciplinar pode ajudar a esclarecer dúvidas e garantir cuidado adequado.
Também é importante conversar abertamente com os filhos sobre o que é um diagnóstico, como ele é feito e por que não se deve pular etapas. O autodiagnóstico e impacto das redes sociais podem ser reduzidos quando há um diálogo saudável e informação qualificada em casa. Ressaltar que não é errado buscar informações, mas que elas precisam ser complementadas com orientação profissional, é uma estratégia de equilíbrio entre autonomia e responsabilidade.
Como os educadores e profissionais podem atuar frente ao autodiagnóstico e impacto das redes sociais
Educadores, psicólogos escolares e profissionais da saúde mental têm papel fundamental diante da crescente onda de autodiagnóstico e impacto das redes sociais. A escola, por exemplo, pode incluir temas de saúde mental e neurodiversidade nos projetos pedagógicos, sempre com base científica. Além disso, oferecer rodas de conversa, escuta ativa e encaminhamentos para avaliação quando necessário ajuda a evitar que os alunos fiquem sozinhos com suas interpretações.
Profissionais da saúde também precisam estar preparados para receber essas demandas. A escuta empática é o primeiro passo. Em vez de invalidar o que o jovem trouxe, é preciso acolher, investigar e conduzir uma avaliação que leve em conta todas as variáveis do seu desenvolvimento. O autodiagnóstico e impacto das redes sociais não podem ser tratados com desdém, mas sim como sinais de uma geração que busca compreender a si mesma e que merece apoio estruturado.
Riscos e prejuízos do autodiagnóstico mal conduzido
Entre os riscos mais recorrentes do autodiagnóstico e impacto das redes sociais estão a medicalização desnecessária, o uso incorreto de rótulos, a criação de expectativas irreais e até a perpetuação de estereótipos. Quando alguém acredita, por exemplo, que não precisa se desenvolver emocionalmente porque “isso é do meu TOC”, pode haver um prejuízo em sua trajetória pessoal.
Além disso, quando o diagnóstico é incorreto, a intervenção adequada é adiada. E, muitas vezes, jovens que realmente necessitam de suporte clínico ficam sem ele porque se apegam a uma identidade baseada em conteúdos não validados. O autodiagnóstico e impacto das redes sociais precisam ser discutidos também sob a ótica da saúde pública, pois há consequências concretas na vida escolar, familiar e emocional dos adolescentes.
A responsabilidade do conteúdo digital na era da neurodiversidade
Criadores de conteúdo que falam sobre neurodiversidade precisam ter responsabilidade ética ao abordar temas tão sensíveis. O autodiagnóstico e impacto das redes sociais não acontecem isoladamente. Eles são moldados por algoritmos que reforçam padrões de conteúdo com alto engajamento, o que muitas vezes prioriza vídeos virais em detrimento da precisão científica.
Mesmo quando o conteúdo é legítimo e bem-intencionado, ele pode ser mal interpretado. Por isso, é essencial que pais e profissionais estimulem os jovens a buscar fontes confiáveis, como sites de instituições científicas, livros de especialistas e profissionais registrados. O autodiagnóstico e impacto das redes sociais precisam ser enfrentados com mais informação de qualidade no ambiente digital.
Promovendo dignidade, escuta e cuidado
A resposta ao fenômeno do autodiagnóstico e impacto das redes sociais não deve ser repressiva, mas educativa. Precisamos substituir o medo pela escuta, o julgamento pela curiosidade e o silêncio pela informação. Quando os jovens procuram entender quem são, eles estão nos dando uma chance preciosa de participar da construção de sua identidade com responsabilidade e afeto.
O papel da sociedade é garantir que essa busca seja acompanhada de respeito, ciência e empatia. O autodiagnóstico e impacto das redes sociais são apenas um sintoma de algo mais profundo: a necessidade de pertencimento, de nomear o sofrimento e de encontrar explicações que façam sentido para a dor vivida. Nossa tarefa é ajudar a transformar essa busca em um caminho de descoberta, e não de rotulação precoce ou estigmatização.
Assinatura Oficial da Autora
Artigo escrito pela Dra. Letícia Bringel, psicóloga especialista em Autismo (CRP 23/504), Mestra em ABA pela PUC/GO, Supervisora CABA BR 2024/005 e CEO do Grupo Estímulos e da Comunidade Estímulos Brasil.
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