Como apoiar o foco nos estudos de crianças com TEA utilizando estratégias da ABA

foco nos estudos de crianças com TEA

A aprendizagem de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) envolve um conjunto de desafios e possibilidades únicas. Mais do que seguir um padrão, é necessário compreender profundamente o funcionamento individual de cada criança e oferecer um ambiente seguro, previsível e afetivo. A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) tem se destacado como uma das abordagens mais eficazes e cientificamente validadas para apoiar esse processo. Quando bem aplicada, a ABA favorece o foco, a autonomia e o prazer em aprender, especialmente em ambientes escolares ou em casa.

Neste artigo, vamos explorar dez estratégias práticas para apoiar o foco nos estudos de crianças com TEA. Todas são baseadas nos princípios da ABA e foram pensadas com empatia, respeito e ciência.

A importância da ABA no apoio ao foco nos estudos

A ABA é uma ciência que estuda o comportamento humano e busca promover mudanças funcionais por meio de reforços positivos, estímulos organizados e intervenções individualizadas. Quando falamos em apoiar o foco nos estudos de crianças com TEA, estamos nos referindo à criação de ambientes que favoreçam a aprendizagem com dignidade, clareza e propósito. A ABA não é um modelo rígido, mas sim uma forma cuidadosa de observar o que funciona melhor para cada criança.

Estruture o dia com uma rotina visual

Crianças com TEA se sentem mais seguras quando sabem o que vai acontecer ao longo do dia. A previsibilidade reduz a ansiedade, melhora a autorregulação e favorece o foco nos estudos. A ABA considera essa previsibilidade um elemento fundamental para a aprendizagem funcional.

Exemplo prático: monte um quadro com imagens que representem cada atividade diária. Use símbolos para sinalizar o momento do estudo, da alimentação e do descanso. Isso ajuda a criança a entender o que está por vir e a se preparar emocionalmente.

Defina objetivos pequenos e visíveis

Apresentar uma tarefa longa pode gerar desmotivação. A ABA recomenda a divisão de objetivos em pequenas metas observáveis, o que aumenta a chance de sucesso e engajamento.

Dica prática: crie um mural com as atividades do dia e permita que a criança sinalize as tarefas concluídas com adesivos ou desenhos. Essa visualização reforça o progresso e fortalece a autoconfiança.

Organize o ambiente de forma estratégica

O ambiente tem impacto direto no comportamento. Um espaço bagunçado ou com muitos estímulos pode provocar distrações, inquietação ou até comportamentos de fuga. A ABA ensina que ajustar o ambiente é uma forma poderosa de prevenir dificuldades e promover o foco.

Como fazer: escolha um local fixo e tranquilo para os estudos. Reduza estímulos visuais excessivos, use cores suaves e mantenha a iluminação agradável. Esse cuidado transmite segurança e facilita a concentração.

Divida as tarefas em pequenas etapas

Ensinar por etapas é uma técnica conhecida na ABA como encadeamento. A proposta é ensinar cada passo de uma habilidade separadamente até que a criança possa realizar a tarefa por completo.

Exemplo: ao orientar a criança a fazer a lição de casa, comece com a instrução para pegar o caderno. Em seguida, peça que abra na página certa e só então inicie a atividade. Cada passo pode ser reforçado com elogios e incentivos.

Estabeleça pausas regulares

Crianças com TEA podem ter dificuldade em manter a atenção por longos períodos. As pausas programadas, sugeridas pela ABA, ajudam a prevenir a sobrecarga sensorial e emocional, favorecendo o foco nos estudos.

Dica prática: utilize um cronômetro visual com cores para sinalizar o tempo de concentração e o momento de descanso. A previsibilidade dessas pausas contribui para o bem-estar e o engajamento da criança.

Use reforçadores positivos com frequência

Um dos pilares da ABA é o reforço positivo. Valorizar comportamentos como prestar atenção, concluir tarefas ou manter-se na atividade fortalece essas atitudes ao longo do tempo.

Ideias de reforço: oferecer uma brincadeira preferida após a tarefa, permitir que a criança escolha a próxima atividade, escutar uma música especial ou ganhar um adesivo divertido. O mais importante é que o reforçador seja significativo para aquela criança.

Adapte o conteúdo ao perfil da criança

Cada criança com TEA tem um estilo de aprendizagem único. A ABA orienta que os materiais sejam personalizados de acordo com esse perfil, garantindo melhor compreensão e mais prazer durante o processo.

Como adaptar: transforme conteúdos em imagens, use jogos interativos, vídeos curtos ou materiais táteis. Ao usar múltiplos estímulos que façam sentido para a criança, o foco nos estudos tende a aumentar naturalmente.

Ensine estratégias de autorregulação

Muitas vezes, o desafio não está apenas na tarefa, mas na forma como a criança lida com suas emoções durante o processo de aprendizagem. A ABA propõe o ensino de estratégias de autorregulação como uma habilidade essencial.

Sugestão prática: reserve alguns minutos antes dos estudos para atividades de respiração profunda, ou crie um cantinho com elementos calmantes como bolinhas de borracha, livros sensoriais ou fones abafadores. Essas práticas ajudam a criança a se organizar internamente antes de enfrentar os desafios acadêmicos.

Utilize os interesses da criança como ponto de partida

A ABA reconhece o poder do ensino naturalístico, que consiste em utilizar os interesses espontâneos da criança como base para a aprendizagem. Quando o conteúdo faz sentido e está alinhado com aquilo que ela gosta, o foco aparece com mais naturalidade.

Exemplo: se a criança gosta de dinossauros, é possível criar atividades de matemática, leitura ou escrita com base nesse tema. Essa conexão emocional com o conteúdo transforma o estudo em uma experiência prazerosa.

Alinhe estratégias com a equipe escolar

A aprendizagem da criança com TEA é mais eficaz quando há uma rede de apoio em sintonia. A ABA valoriza a consistência entre os ambientes e defende a colaboração entre escola, família e profissionais.

Como fazer: mantenha encontros periódicos com os professores, terapeutas e cuidadores. Compartilhe o que está funcionando, troque experiências e revise estratégias sempre que necessário. Essa união potencializa o desenvolvimento da criança.

Conclusão

Apoiar o foco nos estudos de crianças com TEA requer atenção individualizada, empatia e conhecimento técnico. A ABA nos oferece ferramentas valiosas para transformar a experiência de aprendizagem em algo leve, produtivo e significativo. Ao estruturar rotinas, reforçar comportamentos positivos, adaptar o conteúdo e trabalhar em equipe, estamos não apenas promovendo o foco, mas também construindo autonomia e dignidade no percurso educacional.

Cada conquista, por menor que pareça, merece ser celebrada. A ciência da ABA nos lembra que, quando acreditamos nas potencialidades de uma criança e criamos as condições certas, o aprendizado acontece. Com amor, consistência e respeito, o foco nos estudos pode florescer em qualquer ambiente.

Assinatura oficial da autora
Artigo escrito pela Dra. Letícia Bringel, psicóloga especialista em Autismo (CRP 23/504), Mestra em ABA pela PUC/GO, Supervisora CABA BR 2024/005 e CEO do Grupo Estímulos e da Comunidade Estímulos Brasil.

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