Desafios e estratégias para ensinar matemática a alunos com TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) afeta cerca de 5% a 10% das crianças em idade escolar e é caracterizado por dificuldades em manter a atenção, controle de impulsos e organização.

Esses fatores podem impactar significativamente o aprendizado de disciplinas que exigem foco e sequenciamento lógico, como a matemática.

Para que alunos com TDAH alcancem seu potencial nessa área, é necessário entender os principais desafios que enfrentam e adotar estratégias de ensino inclusivas.

1. Dificuldade em manter o foco

A matemática requer atenção sustentada para que os alunos compreendam etapas e concluam operações sem se desviar da lógica ou dos conceitos.

No entanto, alunos com TDAH geralmente apresentam dificuldade em manter o foco por longos períodos, o que compromete a assimilação de conceitos e a resolução de problemas matemáticos.

Eles podem se distrair facilmente e perder o fio de raciocínio, resultando em tarefas inacabadas ou problemas resolvidos incorretamente.

2. Problemas com a organização e sequenciamento

A resolução de problemas matemáticos exige a habilidade de organizar informações e seguir uma sequência de passos lógicos.

Alunos com TDAH, entretanto, tendem a ter dificuldades com a organização, o que pode levá-los a se perder em problemas de múltiplas etapas ou operações que dependem de uma ordem específica.

Essa falta de estrutura pode frustrá-los, especialmente quando não conseguem visualizar o caminho completo para chegar à resposta final.

3. Memória de trabalho limitada

A memória de trabalho é essencial em matemática, pois permite ao aluno manter informações na mente enquanto trabalha para resolvê-las, como ao multiplicar números ou resolver equações.

Alunos com TDAH frequentemente enfrentam dificuldades na memoria de trabalho, o que pode prejudicar a retenção de fórmulas, o entendimento de operações complexas e a aplicação de conceitos previamente aprendidos.

4. Impulsividade na resolução de problemas

O TDAH é marcado por uma tendência à impulsividade, o que afeta a forma como alunos abordam problemas matemáticos.

Esses alunos podem responder rapidamente sem refletir sobre os passos necessários, ou pular etapas importantes no cálculo.

A impulsividade também os leva a evitar revisar suas respostas, aumentando a probabilidade de erros e dificultando o desenvolvimento de uma compreensão mais sólida da matemática.

5. Ansiedade e baixa autoestima

As dificuldades frequentes enfrentadas pelos alunos com TDAH podem levar à ansiedade e baixa autoestima em relação à matemática. Muitos começam a ver a disciplina como um “bicho de sete cabeças”, e essa percepção negativa gera desmotivação.

Quando não encontram sucesso, podem evitar se envolver com o aprendizado, criando um ciclo de frustração e resistência ao conteúdo.


Estratégias para superar os desafios

Diante desses desafios, professores e educadores podem adotar algumas estratégias para tornar o aprendizado de matemática mais acessível e motivador para alunos com TDAH.

Essas práticas visam a melhorar o foco, facilitar a organização e incentivar o desenvolvimento de uma relação mais positiva com a matemática:

Aulas curtas e divididas em etapas

A segmentação do conteúdo em partes menores e aulas mais curtas pode ajudar a manter o interesse do aluno e evitar distrações.

Pausas estratégicas e atividades que promovam o movimento (como pular ou se alongar) entre as atividades ajudam a evitar o cansaço mental e manter a atenção.

Uso de materiais visuais e manipulativos

O uso de materiais concretos, como blocos, figuras e gráficos, torna os conceitos abstratos mais tangíveis e acessíveis.

Ferramentas visuais ajudam o aluno a visualizar o processo e organizar informações, facilitando o entendimento e a retenção de conceitos matemáticos.

Estímulo à revisão e reflexão

A prática de revisão é essencial para que o aluno identifique e corrija erros.

Incentivar que cada passo seja revisado antes de seguir para o próximo ajuda a reduzir a impulsividade e a aumentar a precisão das respostas.

Além disso, atividades de reflexão sobre o que aprenderam contribuem para consolidar os conteúdos.

Ambiente calmo e organizado

Reduzir estímulos visuais e sonoros ao redor da sala de aula contribui para que o aluno com TDAH se concentre melhor nas atividades.

Um ambiente de aprendizado mais calmo e organizado ajuda a manter o foco e a diminuir a probabilidade de distrações externas.

Feedback positivo e encorajamento

Reforçar pequenas conquistas e reconhecer o esforço é crucial para fortalecer a autoestima desses alunos.

Esse feedback positivo constrói confiança e motivação, incentivando-os a continuar se envolvendo com o aprendizado de matemática e a superar suas dificuldades.

Conclusão

Ensinar matemática a alunos com TDAH exige sensibilidade, compreensão e métodos que vão além da abordagem convencional.

Ao adaptar o ensino para apoiar a concentração, organizar atividades e incentivar uma postura mais positiva em relação ao aprendizado, professores podem proporcionar a esses alunos uma experiência educacional mais inclusiva e satisfatória.

Essas práticas não apenas contribuem para o desenvolvimento acadêmico do aluno com TDAH, mas também promovem uma educação mais empática e equitativa, beneficiando toda a turma.

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