Compreendendo o Stimming: comportamentos repetitivos com um propósito

Cada indivíduo com Transtorno do Espectro Autista (TEA) experimenta a condição de maneira única, mas certos comportamentos repetitivos, conhecidos como stimming, são comuns entre essas pessoas. O stimming envolve movimentos físicos ou vocalizações repetitivas e pode servir a vários propósitos para aqueles com autismo. Compreender as causas e os efeitos desses comportamentos é essencial para ajudar os pais a entenderem melhor a comunicação e a expressão emocional de seus filhos. Neste artigo, exploraremos o fenômeno do stimming, suas implicações e como lidar com ele de maneira construtiva.

O que é o Stimming?

O stimming é um comportamento caracterizado por movimentos repetitivos ou vocalizações, como agitar as mãos, balançar o corpo ou emitir sons repetitivos. Embora esses comportamentos possam ser percebidos de maneira negativa por quem não compreende sua finalidade, eles são na verdade uma forma de regulação emocional ou sensorial. Para muitas pessoas com autismo, o stimming surge como uma forma de lidar com estímulos sensoriais, controlar a ansiedade, e até mesmo um canal de comunicação social devido aos possíveis déficits presentes na área de habilidades sociais. Além disso, podem ocorrer de maneiras físicas (balanços corporais, movimentos das mãos) ou sonoras (zumbidos, grunhidos, repetições verbais).

O Stimming como mecanismo de regulação

Pesquisas indicam que os comportamentos repetitivos estão entre os primeiros sinais de autismo em crianças. A razão por trás disso pode estar relacionada a superestimulação no ambiente, ocorrendo assim a emissão de estereotipias como forma de reduzir o excesso de estímulos sensoriais, ou até mesmo o efeito contrário, quando há uma necessidade de estímulos sensoriais extras. Vale ressaltar que, a presença de stimmings relacionam-se também com a gestão emocional, sendo ela negativa ou positiva. 

O stimming pode ocorrer por alguns fatores, entre os quais se destacam:

  1. Regulação emocional: Quando uma criança com autismo sente-se sobrecarregada, o stimming pode ser uma forma de aliviar a tensão e encontrar conforto.
  2. Redução do estresse: Muitos comportamentos repetitivos ocorrem em momentos de ansiedade ou frustração, ajudando o indivíduo a se acalmar.
  3. Expressão de prazer ou entusiasmo: Em alguns casos, o stimming pode ser uma resposta a algo que excita ou agrada a pessoa.
  4. Concentração e foco: Para algumas pessoas com autismo, o stimming pode funcionar como uma ferramenta para manter a concentração ou diminuir a distração.

Como os pais devem lidar com o stimming?

O stimming pode ser confuso para os pais, especialmente se eles não entendem sua função. Em alguns casos, os pais podem se preocupar com os comportamentos repetitivos, questionando se esses sinais indicam sofrimento ou desconforto, como também, sobre qual postura adotar diante dessas situações.
É importante destacar que, é de suma importância que os responsáveis compreendam as variáveis que podem contribuir para a emissão dos stimmings, além de, desenvolver estratégias que viabilizem uma maior adaptação e qualidade de vida do indivíduo no seu cotidiano, tendo em vista que esses comportamentos estereotipados podem interferir significativamente no aprendizado de novas habilidades, relacionamentos interpessoais ou até mesmo em meios sociais. 

Deve-se tentar interromper o stimming?

O objetivo principal não deve ser interromper o stimming, mas sim entender que pode ser uma forma de comunicação e regulação, buscando estratégias seguras e eficazes que contribuam para sua redução do tempo gasto com os comportamentos estimulatórios.

Destaca-se algumas estratégias que podem ser utilizadas para reduzir a frequência dos stimmings:

  1. Gerenciamento do ambiente: Observar se o ambiente em que o indivíduo está inserido não contribui para os comportamentos de stimming, buscando reduzir os estímulos (sensoriais ou não) que aumentam este índice comportamental.
  2.  Exercícios ou atividades vigorosas: A emissão de stimming está relacionada a liberação de beta-endorfinas, deste modo, podemos incluir atividades que proporcione o engajamento em comportamentos e estimulações funcionais. 
  3. Interação intercalada: Mesmo diante dos comportamentos estereotipados, devemos buscar compreender sua causa, ofertando atividades alternativas que despertem seu interesse de forma gradual  e confortável.

Quando o Stimming pode se tornar prejudicial?

Embora o stimming seja um mecanismo de enfrentamento adaptativo para o indivíduo, ele pode tornar-se prejudicial ou disfuncional em algumas situações. Por exemplo, comportamentos como bater a cabeça contra objetos ou machucar a pele, podem colocar em risco a integridade física, apesar de sua função ser um alívio emocional. Algumas vocalizações como estereotipa vocal, podem não ser adaptativas ou bem aceitas socialmente em alguns contextos, prejudicando assim o desenvolvimento das funções sociais. Nesses casos, é fundamental uma intervenção responsável e segura.

Abordagem terapêutica: Redirecionamento ao invés de supressão

Quando o stimming envolve comportamentos prejudiciais, a solução não deve ser a supressão abrupta do comportamento. Tentar eliminar um comportamento de forma brusca pode aumentar a ansiedade e intensificar o desconforto da pessoa autista. Uma abordagem mais eficaz é o redirecionamento: oferecer alternativas seguras e adequadas para que possa continuar regulando suas emoções sem causar danos.

Por exemplo, uma criança que se machucou ao bater a cabeça pode ser incentivada a usar um travesseiro ou outro objeto macio para satisfazer a necessidade de alívio emocional de forma segura. Além disso, a intervenção profissional de terapeutas comportamentais pode ser fundamental para desenvolver estratégias alternativas que atendam às necessidades sensoriais e emocionais do indivíduo, ao mesmo tempo que, garantem sua segurança e bem-estar.

Conclusão

O stimming é um comportamento complexo, mas essencial para muitas pessoas que fazem parte do espectro autista. Em vez de ser visto como um obstáculo, deve ser compreendido como uma forma de regulação sensorial e emocional, que permite que o indivíduo interaja com o mundo ao seu redor de maneira única. Os pais, profissionais e cuidadores, devem adotar uma abordagem empática e orientada que proporcionem melhor qualidade de vida, ajudando o indivíduo a expressar suas necessidades de forma saudável e segura. O objetivo é sempre garantir que o stimming não prejudique o seu bem-estar ou interfira em seu funcionamento diário, mas sim, promover um ambiente inclusivo e compreensivo para todos.

Referências

  1. https://wayaba.com.br/explorando-o-stimming/#:~:text=Stimming%20%C3%A9%20a%20abrevia%C3%A7%C3%A3o%20de,fazer%20sons%20repetitivos%2C%20entre%20outros.
  2. https://dramichelleteixeira.com.br/compreendendo-o-stimming-comportamentos-repetitivos-com-um-proposito/
  3. https://childmind.org/article/autism-and-stimming/
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