Brinquedos e TEA: Como fazer escolhas que estimulem o desenvolvimento infantil?

Brincar é uma das formas mais naturais de aprendizado na infância. Para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a escolha dos brinquedos deve ir além da diversão: é uma ferramenta poderosa para estimular o desenvolvimento sensorial, motor, cognitivo e social. Mas como escolher os brinquedos certos? A resposta está na observação atenta das necessidades e particularidades de cada criança.

1. Conheça o Perfil da Criança

Antes de qualquer compra, é essencial entender em que estágio de desenvolvimento a criança se encontra. Nem sempre a idade cronológica corresponde às habilidades reais. Observar como ela interage, se comunica, se movimenta e reage a estímulos pode indicar quais brinquedos são mais adequados e acolhedores, evitando frustrações ou sobrecarga sensorial.

2. Explore Brinquedos com Estímulo Sensorial (com cautela)

Itens com diferentes texturas, cheiros, sons suaves ou luzes ajustáveis, como massinhas, fidget toys, areia mágica ou bolinhas em gel, podem favorecer a integração sensorial. No entanto, vale lembrar: o que acalma e encanta uma criança pode ser desconfortável para outra. Portanto, experimente e observe as reações com sensibilidade.

3. Promova o Contato Social Através da Brincadeira

Jogos de faz-de-conta, bonecos, livros ilustrados ou jogos simples de tabuleiro são ótimos aliados para incentivar a comunicação e o convívio com outras pessoas. Essas atividades criam oportunidades para a criança compartilhar, esperar sua vez, imitar comportamentos e construir vínculos.

4. Brinquedos com Estrutura e Repetição Ajudam a Organizar o Pensamento

Brinquedos que envolvem sequências lógicas — como blocos de montar, quebra-cabeças ou jogos de encaixe — oferecem uma brincadeira previsível e segura. Além disso, ajudam no raciocínio, na concentração e na construção de rotinas cognitivas, algo que muitas crianças com TEA apreciam.

5. Estimule o Corpo em Movimento

Brincadeiras que envolvem o corpo são excelentes para trabalhar coordenação motora e consciência corporal. Bolas, brinquedos de empurrar ou puxar, circuitos com obstáculos e atividades de montar favorecem tanto a motricidade fina quanto a ampla, promovendo desenvolvimento físico de forma divertida.

6. Aposte na Simplicidade

Brinquedos muito elaborados, com múltiplas funções ou estímulos intensos, podem gerar ansiedade ou desinteresse. O ideal é escolher brinquedos simples, com uma função clara e acessível, que permitam à criança explorar no seu tempo e do seu jeito.

7. Respeite e Aproveite os Interesses Específicos

Muitas crianças com TEA desenvolvem interesses profundos por temas específicos. Incorporar esses temas aos brinquedos pode aumentar o engajamento e criar oportunidades para desenvolver outras habilidades. Dinossauros, planetas, letras, números… tudo pode virar ponto de partida para o brincar e o aprender.

8. Desafie com Delicadeza

Brinquedos que oferecem um pequeno desafio — como jogos com diferentes níveis de dificuldade ou atividades que exigem solucionar problemas — são ótimos para estimular a autonomia e a autoestima. O segredo está em ajustar gradualmente a complexidade para manter o equilíbrio entre desafio e sucesso.

Sugestões Práticas de Brinquedos:

• Sensorial: massinhas, slimes, texturas variadas, brinquedos com luzes suaves.
  
• Social: jogos cooperativos, bonecos, miniaturas temáticas.
  
• Lógicos e estruturados: quebra-cabeças, blocos, jogos de encaixe.
  
• Motores: bolas, brinquedos de empilhar, circuitos de atividades.
  

Conclusão

A escolha do brinquedo ideal para uma criança com TEA vai muito além da prateleira. Ela passa pela escuta, pelo respeito às preferências individuais e pelo reconhecimento de que cada criança tem seu tempo e seu jeito de brincar. Ao proporcionar um ambiente lúdico com segurança, estrutura e estímulo adequado, promovemos um brincar que acolhe, ensina e encanta.