Brincar no autismo: como a ludicidade transforma vínculos, linguagem e desenvolvimento

brincar no autismo

Introdução

Brincar no autismo é muito mais do que uma atividade de lazer. Para muitas crianças autistas, o brincar representa uma oportunidade valiosa de comunicação, de expressão emocional e de aprendizagem. No Grupo Estímulos, observamos diariamente como o brincar no autismo pode se tornar uma poderosa ferramenta de inclusão, vínculo e desenvolvimento.

Crianças autistas podem brincar de forma diferente, com preferências por atividades repetitivas ou por brincadeiras mais solitárias. Longe de ser um problema, isso revela maneiras singulares de perceber o mundo. Quando adultos compreendem essas formas de brincar, eles conseguem transformar a ludicidade em uma ponte de afeto e evolução.

Brincar no autismo e as diferentes formas de explorar o mundo

Muitas crianças autistas não se envolvem de imediato em brincadeiras simbólicas ou em jogos sociais como a maioria das outras crianças. Em vez disso, elas podem repetir movimentos, alinhar objetos, explorar texturas ou interessar-se profundamente por um único tema. Esse tipo de brincar no autismo não é sinal de ausência de desenvolvimento, mas sim de um caminho diferente que precisa ser respeitado.

Brincar no autismo, quando mediado com sensibilidade, oferece oportunidades para ampliar repertórios, desenvolver novas habilidades e fortalecer vínculos. A adaptação das brincadeiras ao estilo da criança é essencial para que ela se sinta segura e interessada em explorar novas possibilidades.

O vínculo afetivo construído ao brincar no autismo

Uma das maiores contribuições do brincar no autismo é a possibilidade de criar conexão. Crianças autistas, muitas vezes, enfrentam dificuldades de interação social. O brincar, nesse contexto, é uma linguagem acessível, que permite ao adulto entrar no mundo da criança de maneira gentil e significativa.

Quando um terapeuta, professor ou cuidador se envolve verdadeiramente na brincadeira, escutando os interesses da criança, respeitando seu ritmo e acolhendo suas respostas, ele está construindo vínculo. E esse vínculo é a base para qualquer avanço no processo de aprendizagem e comunicação.

Brincar no autismo, portanto, é mais do que propor atividades. É um convite ao encontro e à construção de confiança.

Aprendizado e brincar no autismo: um processo natural e eficaz

Brincar no autismo não precisa ser forçado ou artificial. Pelo contrário, é no brincar espontâneo, prazeroso e adaptado que as maiores aprendizagens acontecem. Crianças autistas aprendem por meio da experiência concreta, da repetição significativa e da motivação intrínseca. O brincar oferece tudo isso.

Durante uma brincadeira de imitar sons, de colocar bonecos para dormir ou de empurrar um carrinho, a criança pode estar desenvolvendo linguagem receptiva, turnos de conversa, planejamento motor e tolerância à frustração.

A chave está em planejar o brincar no autismo com objetivos terapêuticos claros, mas mantendo a leveza e o respeito às preferências da criança. Assim, ela aprende porque está envolvida, e não porque está sendo cobrada.

Brincar no autismo como recurso terapêutico

Brincar no autismo também é amplamente utilizado em contextos clínicos. A play therapy, por exemplo, é uma abordagem validada que utiliza o brincar como ferramenta para acessar emoções, promover regulação e fortalecer vínculos terapêuticos.

Além disso, a introdução de jogos digitais, recursos sensoriais e tecnologias interativas têm ampliado as possibilidades de brincar no autismo de forma envolvente. A realidade virtual, por exemplo, já tem sido aplicada para treinar habilidades sociais em crianças autistas de maneira segura e estimulante.

Cada vez mais, profissionais da saúde mental e da educação reconhecem o brincar no autismo como parte essencial do tratamento. Não se trata de um “extra”, mas de uma estratégia central, eficaz e profundamente humanizada.

Como aplicar o brincar no autismo no cotidiano

Brincar no autismo deve estar presente na rotina familiar, escolar e terapêutica. A seguir, algumas práticas que funcionam bem com crianças autistas:

Brincadeiras estruturadas com início, meio e fim ajudam a criança a compreender sequências, desenvolver foco e participar com mais segurança.

Brincadeiras simbólicas mediadas, como histórias com bonecos ou teatros de fantoches, permitem à criança explorar sentimentos e situações sociais de forma segura.

Brincadeiras livres, com tempo e espaço para explorar, favorecem a autonomia e a criatividade.

Atividades sensoriais com massinha, areia, água ou tecidos ajudam na regulação emocional e reduzem sobrecargas sensoriais comuns no autismo.

Jogos que trabalham emoções, como tabuleiros com figuras de sentimentos, ajudam a criança a nomear, reconhecer e lidar com emoções.

Brincadeiras em ambientes desafiadores, como salas de espera ou ambientes médicos, ajudam a reduzir a ansiedade e melhorar a adaptação.

O mais importante é lembrar que brincar no autismo não exige materiais caros ou complexos. O que realmente faz diferença é a presença atenta e o respeito pelo que a criança tem a nos mostrar.

Uma história que mostra o poder do brincar no autismo

Durante o acompanhamento de uma menina autista de quatro anos, observamos que ela tinha muita resistência à interação com o grupo na escola. No entanto, quando lhe oferecemos fantoches e criamos uma pequena história com personagens, ela começou a se envolver, sorrir e até tentar vocalizar sons.

Com o tempo, o brincar com os fantoches se tornou uma rotina. A menina passou a criar falas, convidar colegas e, com o apoio da equipe, generalizou esse comportamento para outras situações sociais.

Brincar no autismo, nesse caso, foi a chave que abriu caminhos para a comunicação, para o vínculo e para a participação no ambiente escolar.

Brincar no autismo e o fortalecimento da autoestima

Crianças autistas, quando brincam de forma bem-sucedida, sentem-se competentes. Isso fortalece a autoestima, a autonomia e a disposição para enfrentar novos desafios. Brincar no autismo não é apenas ensinar a brincar. É ensinar a confiar, a se comunicar, a lidar com o mundo.

O sucesso em uma brincadeira simples pode ter um impacto profundo. A criança que consegue montar uma torre, completar um jogo ou criar uma história com seus personagens preferidos descobre algo essencial: ela é capaz.

Esse sentimento de competência é um pilar para o desenvolvimento emocional saudável. Por isso, brincar no autismo também é uma forma de empoderar.

Conclusão

Brincar no autismo é mais do que uma atividade prazerosa. É um direito, uma linguagem e um recurso terapêutico com grande potencial. Quando planejamos o brincar com intenção, respeito e sensibilidade, abrimos portas para o vínculo, para a linguagem, para a aprendizagem e para a construção de identidade.

No Grupo Estímulos, acreditamos que brincar no autismo é uma ponte entre mundos. A criança autista, ao brincar, mostra quem é, como sente e o que deseja. Nosso papel é escutar, acompanhar e criar os contextos seguros para que esse brincar aconteça com liberdade e significado.

Incluir o brincar no autismo nas práticas clínicas, educacionais e familiares não é um luxo. É uma necessidade. E talvez seja, também, o caminho mais bonito para ver a infância florescer.

Se você acredita no poder do brincar como ponte para o desenvolvimento e a inclusão, vai gostar de ver como isso acontece na prática. Registramos momentos especiais em que o brincar foi protagonista de vínculos, descobertas e muita alegria entre nossas crianças. O vídeo mostra que, com afeto e sensibilidade, o brincar pode ser transformador todos os dias — não só em datas comemorativas.

Assista agora: https://youtu.be/oa2jBeJDfls

Assinatura oficial da autora:

Artigo escrito pela Dra. Letícia Bringel, psicóloga especialista em Autismo (CRP 23/504), Mestra em ABA pela PUC/GO, Supervisora CABA BR 2024/005 e CEO do Grupo Estímulos e da Comunidade Estímulos Brasil.

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