Estratégias de Estudo Baseadas em ABA para Crianças com TDAH: Promovendo Concentração e Aprendizagem Funcional

Estudar é uma atividade que exige planejamento, atenção e organização. Para crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), no entanto, esses pré-requisitos muitas vezes se tornam barreiras. O que parece simples para algumas crianças pode se transformar em um grande desafio para quem vive com o TDAH. Mas a boa notícia é que há caminhos eficazes e respeitosos para facilitar esse processo. Um deles é o uso de estratégias de estudo baseadas em ABA.
A Análise do Comportamento Aplicada (ABA), reconhecida por sua ampla utilização com pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), também oferece contribuições valiosas para crianças com TDAH. Por meio de técnicas estruturadas, embasadas em evidências científicas, é possível criar rotinas de estudo mais eficazes, personalizadas e, acima de tudo, humanizadas.
Neste artigo, vamos apresentar 30 estratégias de estudo baseadas em ABA para crianças com TDAH. Cada técnica tem como base os princípios comportamentais e foi pensada para favorecer o desenvolvimento de habilidades de estudo com propósito e dignidade.
Dividir tarefas
Crianças com TDAH podem se sentir sobrecarregadas diante de grandes tarefas. A análise de tarefas, um princípio fundamental da ABA, propõe a divisão dessas atividades em pequenos passos. Imagine uma criança que precisa fazer uma pesquisa escolar. Em vez de “fazer o trabalho”, que soa imenso, ela pode ser guiada por etapas: escolher o tema, buscar informações, montar um rascunho e só depois escrever o texto final. Essa abordagem torna o estudo mais acessível e menos intimidante.
Organização do ambiente
O ambiente físico tem um papel crucial no desempenho de qualquer pessoa, e isso é ainda mais verdadeiro para crianças com TDAH. Minimizar distrações, oferecer iluminação adequada e manter os materiais à vista são ajustes simples, mas que fazem toda a diferença. Essa estratégia de manipulação de antecedentes, típica da ABA, visa favorecer comportamentos de foco e reduzir respostas de esquiva.
Reforço positivo
O reforço positivo está no coração da ABA. No contexto dos estudos, ele pode ser usado para incentivar comportamentos desejados, como iniciar a tarefa na hora certa ou manter a atenção por determinado tempo. Um elogio, um ponto em um quadro de recompensas ou um tempo de brincadeira podem reforçar positivamente o esforço da criança. O segredo está em oferecer esse reforço logo após o comportamento desejado.
Método Pomodoro e intervalos programados
Para crianças com TDAH, manter a atenção por longos períodos é um desafio. Por isso, o uso de cronômetros ou o método Pomodoro pode ser eficaz. Estuda-se por 25 minutos e, em seguida, há uma pausa de 5. Esse sistema ajuda a regular a expectativa da criança, pois ela sabe que terá um momento para se mover, respirar ou fazer algo prazeroso em breve. Aqui, o reforço contingente entra como elemento-chave para manter o engajamento.
Ferramentas visuais
Gráficos, quadros de tarefas, mapas mentais e agendas visuais funcionam como guias externos de comportamento. Eles reduzem a dependência de instruções verbais e ajudam a criança a desenvolver autonomia. Um cronograma visual com horários coloridos pode tornar o dia mais previsível e diminuir a ansiedade.
Instruções claras
Crianças com TDAH se beneficiam de comandos curtos, objetivos e diretos. A clareza na comunicação reduz a margem para erros e aumenta a probabilidade de que a tarefa seja executada corretamente. Ao invés de dizer “vá estudar”, o adulto pode orientar “pegue o caderno de ciências e leia as duas primeiras páginas”. Isso alinha expectativa e ação.
Tecnologia como aliada
Aplicativos de organização, listas digitais, cronômetros visuais e até jogos educativos podem ser incorporados como parte da rotina de estudos. Quando utilizados com critérios e supervisionados por adultos, esses recursos reforçam o comportamento adequado e tornam o processo mais atrativo para a criança com TDAH.
Autocontrole e autorregulação
ABA também se preocupa com o desenvolvimento de habilidades funcionais. Crianças com TDAH podem ser ensinadas a reconhecer quando estão perdendo o foco e a aplicar estratégias para retomar a atenção. Técnicas de respiração profunda, anotações em diários de estudo e quadros de metas visuais são ferramentas que favorecem esse processo.
Generalização e manutenção
Um dos objetivos da ABA é garantir que os comportamentos aprendidos sejam aplicados em diferentes contextos. Por isso, variar os ambientes de estudo e promover revisões regulares são formas de facilitar a generalização. Uma criança que aprende a se organizar para estudar na sala de casa deve ser estimulada a manter essa habilidade na biblioteca, na escola ou até durante viagens.
Finalidade maio
Mais do que aprender conteúdos escolares, crianças com TDAH precisam sentir que são capazes, respeitadas e acolhidas em seus ritmos. As estratégias de estudo baseadas em ABA para crianças com TDAH não propõem rigidez, mas sim estrutura. Cada técnica é um convite à autonomia, ao desenvolvimento e à superação de desafios com suporte adequado.
Aplicar ABA nesse contexto é um exercício de cuidado e ciência. Significa reconhecer que estudar vai além da performance acadêmica. É sobre formar pessoas que confiem em sua capacidade de aprender, lidar com frustrações e persistir diante das dificuldades.
Assinatura oficial da autora:
Artigo escrito pela Dra. Letícia Bringel, psicóloga especialista em Autismo (CRP 23/504), Mestra em ABA pela PUC/GO, Supervisora CABA BR 2024/005 e CEO do Grupo Estímulos e da Comunidade Estímulos Brasil.
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